Na última terça-feira fizemos mais uma edição do Think Tank, com a participação de Alexandre Matias (Link/Trabalho Sujo), Ronaldo Evangelista (Vitrola/Vitrola Soundsystem), Pena Schmidt (Auditório Ibirapuera), Juliano Polimeno (Phonobase) e Maurício Tagliari (YB Music). Na pauta, os temas que andam esquentando os cadernos de cultura - Bethânia, Ana, Direitos Autorais, Ecad - viraram suporte para uma análise mais aprofundada sobre o negócio da música hoje.
Discutir música hoje não é mais questão apenas estética ou social. É também política, econômica e de educação”, afirmou Pena Schmidt durante o programa. Ao debater o Spotify, a vinda do presidente Obama ao Brasil, a lei Rouanet ou a banda Restart, foi esta a questão que transpareceu: a música tem sido um dos principais intermediários culturais para pensar questões difíceis no século 21. Não que as artes e a cultura não mereçam consideração por elas mesmas - o problema é que a fase atual da economia prevê uma expansão de modelos de negócio e de jeitos de fazer política de modo muito sutil em nichos que tradicionalmente não eram explorados.
Música também se funde com cultura digital, levantando questões como as do Direito Autoral, dos Creative Commons e dos modos de compartilhamento de informação na internet. Alexandre Matias atentou para o caso de Rebecca Black, que há um mês lançou um videoclipe da música “Friday”, absolutamente óbvio e clichê, mas que atingiu marcas impressionantes no Youtube - mais de 60 milhões de views hoje. Isso porque uma empresa agenciadora de “novos talentos juvenis” viralizou o vídeo. Ele explica mais na sua última coluna no Caderno 2 do Estadão.
Há também quem esteja pensando modelos antigos para novas plataformas: o recente contrato do Ecad com o Youtube, por exemplo, pretende aplicar ao mais utilizado site de streaming e vídeos o modelo de aferição e distribuição dos direitos autorais vigente nas rádios e televisões, que não é coerente com a multiplicidade de artistas do Brasil. Ainda assim, Maurício, Ronaldo, Pena, Juliano e Matias concordam que houve uma evolução na discussão da música na internet, que está completando 10 anos. Um dos sinais dessa melhora é o surgimento do grupo da 3ª Via do Direito Autoral, que envolve músicos, produtores, jornalistas e pessoas interessadas, e pretende discutir com o governo uma forma alternativa às propostas vigentes. Além disso, a cultura digital hoje permite que os músicos mais jovens já surjam ligados às questões econômicas e políticas da sua arte, o que também caracteriza uma melhoria significativa nesses 10 anos.
Mas só adiantei o que vocês verão em breve aqui no blog e no vimeo: os vídeos do think tank!
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