segunda-feira, 25 de maio de 2009

No Ar: Think Tank Especial Artistas

Depois de algumas edições da nossa roda de pensamentos sobre as possibilidades da música no nosso mundo 2.0 com produtores, gente-de-gravadora, pensadores e opinadores, resolvemos juntar quem está com o seu na reta pra dar impressões: os artistas. Convidamos Rogerman, Luisa Maita, Curumin, Romulo Fróes, Dani Gurgel, Thiago Pethit e Lulina e sentamos no Estúdio A da YB para perguntar: o que vocês querem, o que vocês esperam, o que vocês precisam e o que vocês fazem da carreira de vocês?

Alguns dos melhores momentos, divididos em seis blocos, abaixo.



Começando a conversa, Romulo explica a tática secreta por trás de lançar um disco duplo e ao mesmo tempo liberar seu download nos blogs por aí: "eu acredito que quanto mais gente tiver meu disco no iPod, mais gente vai ao meu show - e quando a pessoa tiver lá, pode querer comprar o disco". Não dá pra ir contra. Rogerman ainda conta de quando inventou o esquema Radiohead antes do Radiohead e dá toque de humildade aos compositores: pra quem faz música, ela é a coisa mais importante. Pra quem trampa todo dia, tem que pegar aquele ônibus, trem, metrô, música é a quinta, sexta, oitava prioridade na vida.



Dani Gurgel, que anda experimentando nova maneira de financiar um disco, pelo ArtistShare, conta mais sobre como funciona: você pode comprar desde março um disco que vai sair em setembro - ou seja, uma participação na história e na carreira do artista. Ao longo do processo, vai acompanhando a produção e inspirações, esquema reality show.



Thiago Pethit nota: o conceito de criatividade não está mais só na música, mas em como você a coloca no mundo. Curumin admite que é uma loucura correr atrás, todo dia é um lance novo que está acontecendo. Mauricio elogia o case Caetano e pergunta, sem nem falar só de mercado: qual o papel do artista nessa história? Thiago faz o balanço e responde: dá trabalho pensar em tudo, mas a compensação é ser dono absoluto de tudo que acontece na carreira. E Curumin vê o outro lado: em outras épocas talvez nenhum de nós tivesse nem conseguido gravar, quem dirá encontrar seu espaço.



Rogerman conta da chocante experiência João do Morro, em Recife. Romulo nota que esse hype não é referencial praquela galera, mas ao saber da música em que ele cita nominalmente todos os puteiros da cidade, Lulina tem uma luz: a tal brodagem que Miranda defende ser o futuro da música não é só agradar seus amigos, mas dar ao seu público algo especial, pra ele se sentir parte daquilo. Dani concorda: "o mais importante é o cara chegar pro amigo e dizer, 'ouve isso!'".



Você passeia pelos MySpaces da galera e descobre um monte de gente legal. Você vai nos shows por São Paulo e todo dia tem gente boa. Uma hora vai rolar algo, tipo estouro nacional, tipo rolou com o mangue beat. É o que defendem Romulo e Rogerman. Já Luisa Maita concorda que a cena de agora é incrível, muito melhor que cinco anos atrás. Mas ainda está esperando aquele momento em que os trabalhos vão ter uma unidade e falar por muitas pessoas, evoluir mais e mais, descobrir uma linguagem - comunicação é a palavra chave.



Curumin fala das suas impressões e do lado bom de ainda ter uma gravadora hoje em dia: quando você tem o apoio de uma galera você fica mais forte. E pensa em voz alta sobre a relação entre quem aprecia e quem faz: hoje em dia não tem modelo. Ou melhor, existem vários, mas eles não se fixam - cria-se um modelo e logo ele se transforma. E disco novo? A impressão é que não vai haver um próximo disco pra fazer - pelo menos com essa idéia de disco, gravar tantas músicas, passar tanto tempo no estúdio. Talvez o esquema agora seja outro: daqui a pouco posso gravar duas músicas e lançar, depois a cada três meses mais duas, talvez no final juntar tudo em um disco. Será o novo modelo? Fica a dica.

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